Toda semana, elegemos um freela para escrever para a gente com pauta livre. Assim, conhecemos melhor a nossa Comunidade e você também. Essa é a história da Gleice Souza!
O Brasil é o país que mais possui pessoas com depressão em todo o mundo e, infelizmente, eu sou uma delas. Se pararmos para pensar, sempre conhecemos um tio, prima ou amigo que sofre desse problema, quando não, nós mesmos.
A depressão, além de ter se tornado comum, é também bastante incapacitante. Até 2020, a doença será o maior motivo de afastamentos do trabalho. Esta é justamente essa questão que quero tratar nesse texto/história de vida: a relação de um depressivo com o seu trabalho.
Não consigo datar quando exatamente me vi com depressão porque sempre tive uma personalidade mais retraída, principalmente com quem eu não conhecia. Mas quando ela chegou, fiquei irreconhecível. O momento mais crítico da minha doença foi logo após eu ter formado no Ensino Médio, já no último ano, minha única ação era sentar na minha cadeira da primeira à última aula.
Após me formar, não tinha vontade nem forças de sair de casa, me cuidar ou fazer os hobbies que gosto (escrever é um deles). Fui em médicos e comecei o meu tratamento para depressão e transtorno de ansiedade que também tinha adquirido.
Em uma sessão com minha psicóloga, comecei a entender que não me curaria apenas tomando remédios, esperando que, de um dia para o outro, conseguiria voltar a fazer tudo que queria e finalmente voltar a ter uma vida normal.
Uma coisa que eu sempre quis desde a minha pré-adolescência era a minha independência financeira. Odiava ter que pedir dinheiro para os meus pais seja para o que fosse, mas obviamente, não poderia e nem teria tempo para trabalhar durante a época escolar.
Agora, com depressão, esse “sonho” parecia ainda mais impossível. O blog que eu tinha na época sobre cultura geek estava abandonado, e eu não tinha mais forças para ir até o computador, que ficava na sala, para atualizá-lo (e muito menos ficar 8 horas por dia fora de casa para trabalhar).
De certa forma, era muito arriscado conseguir um emprego formal naquele estado, pois a qualquer momento eu poderia ter algum ataque de pânico (que já se iniciava só de pensar em sair de casa) e não teria nenhum familiar ou pessoa próxima a mim que pudesse me acalmar.
A solução, então, era procurar por trabalhos remotos, nos quais eu poderia trabalhar em um ritmo que seria confortável para mim e conseguiria ter uma renda sem sair de casa. Foi então que, quase magicamente, conheci a comunidade de freelancers da Rock Content.
Fiz o curso de Produção de Conteúdo para Web e demorei quase um mês para passar na prova (quase um ENEM da produção de conteúdo), mas no final deu tudo certo e logo após também passar na candidatura na área de entretenimento (lembram do blog geek?), já estava apta a trabalhar e realmente trilhar o meu caminho rumo à independência financeira.
No mesmo ano, comecei a minha faculdade de jornalismo EAD e comecei a adaptar essa minha nova rotina ao meu condicionamento mental. Não é algo tão fácil ou tão simples de se fazer, já que não consigo trabalhar ou me concentrar nos estudos quando estou mal, o que me faz ficar uma semana inteira sem produzir nada.
Entretanto, essa flexibilidade me permite com que eu consiga me conhecer melhor e começar a me expor socialmente de novo de uma maneira mais saudável, saindo para fazer coisas que me divertem e com as pessoas que eu gosto e me sinto bem em estar junto.
Muitas pessoas não possuem a mesma sorte que a minha (e talvez, a sua) de trabalhar com algo que lhe dê tanta liberdade de horário, mas também emocional. É extremamente comum ouvirmos casos de pessoas depressivas ou ansiosas que passam por crises recorrentes dentro da empresa, fazendo com que muitos precisem ir até o banheiro para chorar e se acalmar.
Caso você tenha se identificado com o tópico anterior, é preciso começar a prestar bastante atenção sobre quais são os chamados “gatilhos” que estão danificando a sua saúde. Você está em uma área de atuação que não gosta? Não concorda com certos valores e posicionamentos na empresa? Está tendo problemas com colegas de trabalho ou superiores?
Depois de entender a questão principal que está ligando o seu emprego com a depressão, reflita: realmente vale a pena passar por tudo isso? E acredite, não vale. Nada vale mais do que a sua saúde e bem-estar, até porque é só com esses aspectos da nossa vida em dia é que conseguiremos dar o melhor de nós em diferentes áreas, principalmente a profissional.
Se está infeliz com o seu emprego, está perdido, deprimido ou, assim como eu, está passando por uma doença aparentemente incapacitante, mas quer dar a volta por cima, esse é um bom momento para você se redescobrir.
Esse foi basicamente um resumo da minha breve trajetória até aqui e como percebi que a vida de freelancer poderia me dar muito mais do que a possibilidade de trabalhar de pijamas. Meu trabalho me possibilitou respeitar meu próprio ritmo e a entender que eu, mais do que ninguém, precisava tomar o controle sobre a minha vida e como eu quero que ela seja daqui pra frente.
Procure fazer do que você ame a sua profissão e não deixe que a tristeza ou ansiedade tomem conta da sua vida, pois sua doença não te define. O que te define são os seus sonhos e o que faz para buscá-los, então. Atualmente posso dizer que estou 80% melhor desde que comecei a trabalhar como freelancer e perceber que minha doença não me define.
E que tal você se juntar a mim nessa empreitada de ser um freelancer da Rock Content? Além de ser uma ótima terapia escrever sobre os assuntos que gosta, ainda receberá pelos seus esforços, e o melhor: você mesmo pode fazer os seus horários!
Freelancer de conteúdo e estudante de jornalismo. Além de redatora desde os 13 anos.
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